Ter um passatempo nos “desliga” dos problemas cotidianos, da rotina, nos proporcionando prazer e bem estar

          Hobby ou passatempo é a denominação dada a uma atividade de entretenimento livre que o indivíduo desenvolve sozinho ou coletivamente. Pode se manifestar de várias formas: desde uma atividade prática como culinária, esportes, modelagem e pintura, até uma atividade intelectual como escrever, ler, filosofar.

Quem assistiu ao filme “O Naúfrago” lembra a bola de vôlei encontrada pelo personagem Chuck Noland, interpretado pelo ator Tom Hanks. Perdido naquela ilha deserta, Chuck decide pintar uma face nela e apelidar de “Wilson”. Seu passatempo? Conversar por horas com a bola, afastando o medo e a solidão daquela ilha.

De acordo com a psicóloga Tania da Silva, a presença de hobbies na vida humana é tão antiga quanto o próprio homem, se manifestando de várias formas. “Nas escuras cavernas da pré-história, nas noites geladas das comunidades indígenas, nos castelos e feudos os passatempos distraíam o homem e o afastavam da solidão”, explica.

Com o passar dos anos, os passatempos foram se incorporando ao dia a dia das sociedades, às vezes em atividades simples, outras em hobbies sofisticados praticados pela burguesia como sinal de status. “Os hobbies chegaram, certa época, a representar o ócio da alta sociedade que podiam se dar ao luxo de ficarem horas sem “ter o que fazer”, diferentemente da classe operária que precisava produzir”, conta a psicóloga.  Na era industrial, onde a ordem do dia era produzir, os passatempos ficaram restritos ainda mais para os patrões abastados e suas famílias. “Mulheres tricotavam, cavalgavam, produziam arranjos florais, quitutes em suas mansões. Homens caçavam, colecionavam charutos e cachimbos”, completa.

Hoje, os hobbies ganharam uma força maior, uma vez que se comprovou a importância deles para o enfrentamento do estresse. “Ter um passatempo nos ”desliga” dos problemas cotidianos, da rotina, da repetição de atividades e tarefas. Os benefícios são muitos, principalmente quando este passatempo nos dá prazer e conforto”, acentua a psicóloga.

Porém, a psicóloga explica que é importante que um hobbie não seja algo sacrificante ou que nos torne escravos pelo seu grau de dificuldade, seu tempo ou por seu custo. “Passatempos desta natureza podem gerar conflitos entre familiares, quando demandam um grande tempo ou fogem do orçamento. Um passatempo também não pode se tornar uma atividade que nos isole demasiadamente de nossos familiares e amigos”, completa.

Conforme Tania, ao fazer algo prazeroso, nosso cérebro libera o neurotransmissor dopamina e o hormônio ocitocina, que estão ligados ao nosso sistema de recompensa e bem estar, ativando nossas sensações de prazer, reduzindo assim a ansiedade, medo e fobias.

Atualmente existem centenas de hobbies, para todos os gostos, com os mais variados custos, mas o mais importante é trazer real satisfacão ao seu praticante. Ultimamente os livros para pintura (painting books) estão em alta, sendo uma ótima opção como passatempo, além de nos remeter a nossa infância no trato com desenhos e lápis de cor.

Podemos citar outros bastante interessantes e simples como bordar, confeccionar bijouterias, colecionar miniaturas e reformar móveis. Ainda há aqueles que ajudam em nosso condicionamento físico, além de proporcionar diversão e descontração, como esportes e aulas de dança. A jardinagem oferece, através do contato com a natureza, uma forma de nos conectarmos com nós mesmos. Quem sabe a leitura desta revista neste momento não está sendo para você um passatempo?

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