Saiba o que aquela vontade frequente de ir ao banheiro pode esconder
Correr várias vezes por dia (e a noite) para o banheiro com uma vontade urgente e repentina de fazer xixi. Sentir dor na bexiga, principalmente quando está cheia, e ardor na hora de urinar. Esses são os principais sintomas da chamada Síndrome da Bexiga Dolorosa, ou Cistite Intersticial, uma doença crônica que acomete a bexiga.
De acordo com Kassieyne Rocha Tozatti, especialista em Fisioterapia Pélvica, a dor piora com o enchimento da bexiga e diminui com seu esvaziamento. Mulheres com cistite relatam dor pélvica cíclica ou constante, que aumentam com a ovulação e a menstruação. “Alguns sintomas secundários da doença incluem sensação de esvaziamento incompleto, hesitação, perda urinária insensível, urge-incontinência, incapacidade de interromper a urina, micção em dois ou três tempos e dor na relação sexual”, completa.
Conforme Kassieyne, a causa da doença ainda é obscura, porém acredita-se ser multifatorial, com fatores bacterianos e inflamação neurogênica, devido principalmente à variabilidade do quadro clínico. “Embora se assuma que alguns desses mecanismos estejam presentes na cistite, não há nenhuma causa definitivamente comprovada até o momento”, explica.
Estudos demonstram que diversos fatores isolados ou associados podem ser responsáveis pelos sintomas. A doença acomete mais as mulheres, em uma proporção de duas para cada homem. “Percebe-se que pacientes com cistite apresentam frequentemente afecções imunológicas crônicas associadas, como lúpus eritematoso sistêmico, esclerodermia, fibromialgia. Esses pacientes devem ter anticorpos contra células musculares ou da mucosa ou de vários outros tecidos da bexiga, tornando o fator hereditário e sexo feminino com mais prevalência a doença”, acentua Kassieyne.
O tratamento da doença, de acordo com a fisioterapeuta, é farmacológico associado também a fisioterapia que auxilia na eliminação de fatores músculo- esqueléticos que contribuem para a dor pélvica. Dessa forma, o tratamento fisioterapêutico pélvico visa à normalização do tônus muscular, à reeducação de músculos internos e externos para serem utilizados com força adequada bem como à educação de padrões de movimento eficiente. “O tratamento deve ser escolhido individualmente para cada paciente com base em seus sintomas, facilitando o retorno desses pacientes para a atividade funcional”, diz.
Também é importante no tratamento da doença, a mudança de alguns hábitos comportamentais e alimentares, como a restrição de cafeína, álcool, alimentos ácidos e condimentados, que irritam a bexiga e aumentam a dor. Além da dieta são necessários o controle do estresse e a prática de exercícios físicos.
Segundo a profissional, normalmente a cistite não ocasiona complicações quando tratada de forma adequada. Porém, quando não tratada ou com tratamento ineficaz pode evoluir agudamente para um quadro de inflamação ascendente, causando a chamada pielonefrite, uma grave infecção dos rins. “Mas, o quadro mais grave é o da septicemia, quando a bactéria ganha a circulação sanguínea e se espalha por todo corpo”, alerta.
Por: Camila Neumann