Obtida principalmente através da luz solar, a vitamina D tem funções importantes para o organismo como a melhora de absorção de cálcio e fortalecimento dos ossos
A vitamina D é um hormônio esteroide lipossolúvel essencial para o corpo humano e sua ausência pode proporcionar uma série de complicações. Afinal, ela controla 270 genes, inclusive células do sistema cardiovascular. A principal fonte de produção da vitamina se dá por meio da exposição solar, pois o raio ultravioleta do tipo B (UVB) é capaz de ativar a síntese desta substância.
Alguns alimentos, como fígado de bacalhau, gema de ovo, fígado, manteiga, e especialmente peixes, como arenque, salmão, cavala e, em menor quantidade, sardinha e atum são fontes de vitamina D, mas é o sol o responsável por 80 a 90% da vitamina que o corpo recebe.
A vitamina D é necessária para a manutenção do tecido ósseo, ela também influencia consideravelmente no sistema imunológico, sendo interessante para o tratamento de doenças autoimunes, como a artrite reumatoide e a esclerose múltipla. Esta substância ainda age na secreção hormonal e em diversas doenças crônicas não transmissíveis, entre elas a síndrome metabólica que tem como um dos componentes o diabetes tipo 2. A falta deste nutriente pode favorecer 17 tipos de câncer.
Segundo a dermatologista Iara Rodrigues Vieira, a radiação ultra violeta B (UVB) do sol, com pico de ação em 296nm, atua no metabolismo da vitamina D, transformando essa “pró vitamina”, na epiderme (pele), através de uma sequência de reações metabólicas de hidroxilação até produzir a vitamina D propriamente dita. A dose estimada de UVB necessária para a produção de 1000UI de vitamina D é de 0,25 DEM (doses eritematosas mínimas) em cerca de 25% da área corporal total, sendo considerada uma dose pequena quando comparada à dose necessária para a produção do eritema, o chamado “vermelhidão”, quando sofremos queimaduras solares. De acordo com a dermatologista, o único benefício reconhecido relacionado à vitamina D é a sua relação com o metabolismo do cálcio prevenindo o raquitismo e a osteoporose.
Entretanto, apesar da vitamina D ser importante para nosso organismo, também é preciso estarmos atentos à alguns riscos relacionados à sua principal fonte: o sol. Conforme Iara, em um país como o Brasil, com altos níveis de insolação, devemos ter maior preocupação com os riscos relacionados à exposição solar do que com os riscos referentes à sua não exposição. “Estudos demonstram que a exposição não intencional de apenas 10 minutos diários de mãos e face seriam suficientes para a produção adequada de vitamina D em uma pessoa de pele clara, por exemplo”, explica a médica. “Sabe-se que a incidência de câncer de pele tem aumentado mundialmente, sendo o mais frequente tipo de câncer entre os cânceres do corpo humano, e é comprovada a participação direta da radiação solar no desenvolvimento da doença”, completa.
De acordo com a dermatologista, o uso adequado dos filtros solares pode ser essencial para proteger a pele dos riscos do sol e garantir a produção necessária para a vitamina D. “Se utilizados adequadamente, os filtros solares reduzem de forma significativa a quantidade de radiação UVB que atinge a pele, podendo teoricamente interferir na produção da vitamina D, mas na prática, sabe-se que o uso regular de fotoprotetores não levam à deficiência dessa vitamina”, acentua.
A dermatologista ainda explica que a exposição ao sol de modo intencional não deve ser considerada como fonte para a produção de vitamina D, mas medidas fotoprotetoras, como o uso de roupas/chapéus/ óculos escuros e a não exposição em horários extremos (10h – 15h no horário normal, e 11h – 16h no horário de verão), devem ser observadas para a prevenção do câncer de pele e do fotoenvelhecimento. “Recomenda-se o uso de filtros solares FPS30 ou mais, mas crianças abaixo de 06 meses não devem usar filtros solares nem devem expor-se ao sol”, aconselha. “A fotoproteção consciente é uma medida importante e necessária para a prevenção ao câncer de pele e deve ser considerada prioritária em termos de Saúde Pública no Brasil”, completa a médica.
Por: Camila Neumann