A polpa do dente possui tecidos vivos com células que podem curar diversas doenças no futuro
Muitas pesquisas tem sido feitas a respeito do uso de células-tronco pela importância que as mesmas apresentam no tratamento de doenças e lesões, tais como diabetes tipo 1, lesões musculares, fraturas ósseas, entre muitas outras aplicações.
No Brasil, a cura pode vir dos dentes das crianças. Desde 2002 o instituto Butantã realiza estudos sobre o uso de células-tronco extraídas a partir da polpa do dente de leite, que é um tecido amolecido que fica na parte interna do dente. Estas células tem a capacidade de se transformar em qualquer célula especializada do corpo.
De acordo com a odontopediatra Acácia Kaminski, as células-tronco extraídas a partir da polpa do dente de leite são obtidas de forma não invasiva, uma vez que a perda desses dentes é um processo natural, sendo que o período de troca vai dos 6 aos 18 anos. “Inicialmente é realizada uma investigação da saúde da criança, exame clínico e radiográfico para indicarmos o dente a ser removido, bem como a melhor época para a realização do procedimento. Após a retirada, o dente é encaminhado para o laboratório, onde as células-tronco passam por um processo de multiplicação e controle de qualidade, sendo posteriormente congelado”, explica.
Segundo a odontopediatra, por serem células formadoras de tecidos várias doenças podem ser tratadas. Porém vale lembrar que ainda não está regulamentado o uso destas células, pois as pesquisas ainda estão em fase de teste. A grande vantagem da técnica, conforme Acácia, está no fato de que não há necessidade de compatibilidade entre doador e receptor, não ocorrendo assim risco de rejeição.
O profissional habilitado para fazer a extração do dente de leite é o odontopediatra. Acácia ressalta que se a criança perder o dente de leite em casa, a extração não poderá ser feita, pois a qualidade das células podem estar comprometidas por contaminação. Para aproveitar a polpa, o dente deve ser extraído no dentista e levado dentro de 72 horas para o laboratório.
Segundo a odontopediatra, a ideia é que nos próximos anos, poderá ser feito o armazenamento da polpa, que pode salvar vidas, em bancos de células-tronco feitos por Criopreservação. “Existem os bancos públicos e privados de armazenagem. Nos públicos, quando ocorre a doação, as células fazem parte do estoque, e estarão disponíveis para as pessoas em uma fila de espera. Nos bancos privados, as células pertencem ao indivíduo, caso ele precise, elas estarão lá”, acentua.
Por: Camila Neumann