Às vezes assustam, às vezes atraem até demais. Saiba como funcionam esses medicamentos e quando eles são necessários

Em 2008, a revista britânica “The Lancet”, uma das mais conceituadas entre os cientistas, publicou um estudo importantíssimo sobre os tratamentos para depressão. De acordo com os pesquisadores, em países em desenvolvimento, como o Brasil, a maioria das vítimas dessa doença não recebem o tratamento adequado por causa do estigma que envolve os remédios usados para combatê-la: os antidepressivos.

A depressão é um mal que hoje atinge mais de 20 milhões de brasileiros, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A solução que poderia ser simples – procurar um psiquiatra, contar sua história e seguir o tratamento indicado, se torna então complicada, já que nove entre dez pessoas, segundo os pesquisadores, não buscam esse caminho ou demoram muito para segui-lo por medo de ser “tachado” de louco. Esse medo se deve a um preconceito que tem origem no passado, quando os psiquiatras e seus remédios eram indicados apenas para quem sofria de doenças muito graves.

Naquele tempo, as drogas eram fortíssimas e tinham vários efeitos colaterais. Com os avanços da medicina surgiram novos medicamentos, mais leves e seguros, que hoje se mostram fundamentais para combater a depressão e outros transtornos.

De acordo com a psiquiatra Marine Pereira, os antidepressivos atuam no cérebro modificando e corrigindo a transmissão neuro-química em áreas do sistema nervoso que regulam o estado de humor.

Conforme a médica, a real necessidade de se fazer uso de antidepressivos são em casos moderados e graves. O tratamento com esses medicamentos, segundo ela, é dividido em três fases: de remissão dos sintomas, de manutenção e de prevenção. “O tratamento dura aproximadamente um ano, caso seja o primeiro episódio depressivo. A importância de fazer o tratamento corretamente com os antidepressivos é evitar quadros depressivos recorrentes”, acentua.

Segundo Marine, os antidepressivos apresentam efeitos colaterais que são variáveis de pessoa para pessoa. São alguns deles: alteração do sono e apetite, alterações gastrintestinais, aumento ou diminuição de peso, tontura, alergias da pele, entre outros. Esses efeitos podem ser contornados nos primeiros dias ou semanas de tratamento, e para tal o médico deve sempre ser consultado e orientar seu paciente a respeito. Deve-se evitar a parada da medicação por conta própria, pois há pessoas mais sensíveis aos efeitos colaterais, enquanto alguns não os têm.

Os antidepressivos podem ser usados para tratamento de vários outros males além da depressão, como lembra a psiquiatra. Entre eles: ansiedade generalizada, transtorno do pânico, fobia social, transtornos alimentares, estresse pós traumático.

Devido a esses fatores, é importante entender que os antidepressivos são remédios necessários, e no contexto de um tratamento médico responsável e consciente, podem trazer benefícios impagáveis ao paciente.

 

Por Camila Neumann

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