Conviver com um animal de estimação é um ensaio para lidar com a vida
Um relacionamento ou uma amizade pode se desfazer em pouco tempo. Já a relação entre um humano e seu bicho de estimação, quase sempre, cumpre o “até que a morte os separe”. E tem sido assim há pelo menos 10 mil anos, desde que o homem domesticou cachorros e gatos. Aos poucos, os pets tornaram-se nossos companheiros inseparáveis.
Filmes como “Marley e Eu” e “Para sempre ao seu lado”, que mostram o relacionamento entre humanos e seus animais de estimação, não só foram sucesso de bilheteria como levaram muitas pessoas às lagrimas.
Hoje, pesquisas e estudos em todo o mundo demonstram que a convivência com os animais compensam os gastos e eventuais preocupações, pois esses seres são capazes de nos trazer valores essenciais para toda a vida.
De acordo com a veterinária Karen Kramer, pessoas que tem a companhia de animais de estimação apresentam melhores condições físicas, são menos solitárias, mais sociáveis e desenvolvem estilos de relacionamento mais saudáveis em relação as que não possuem. Além de que, estudos comprovam que pessoas que convivem com animais adoecem menos.
As relações familiares também são muito beneficiadas pelos pets. Segundo a veterinária, a diferença entre um lar que tem um animalzinho e um lar que não tem é evidente. “Quando se tem um animal, as pessoas da família passam a se relacionar mais harmoniosamente. É claro que todas as famílias têm problemas, mas os animais podem amenizar essas situações. Às vezes a pessoa chega triste em casa, teve algum problema no trabalho, e o animal está ali, feliz, abandando o rabinho, querendo brincar. É maravilhoso ver o que essa reação deles pode fazer com a gente”, diz.
De acordo com a psicóloga Tania Regina R. Mansano, já está comprovado cientificamente que conviver com animais desde cedo faz bem à saúde, proporciona o aparecimento de anticorpos e, deste modo, evita futuras alergias. Além disso, nas crianças, os animaizinhos podem auxiliar no desenvolvimento de valores que terão grande influência nas relações afetivas futuras como: generosidade, sensibilidade, afeto, solidariedade, responsabilidade, carinho e respeito. “O contato com o animal faz com que a criança esteja muito melhor nas suas próprias afetividades, nos cuidados, no compromisso, e na responsabilidade de ter um amiguinho como esse”, explica.
Além desses valores, para as crianças os animais ainda servem de aprendizado, pois mostram de forma acelerada as principais fases da vida. “Os animais ensinam as crianças a passar por todas as etapas da vida, como nascimento, crescimento, e as preparam para lidar com a morte, com perdas, com doenças. Eles ajudam a criança a entender e compreender de forma mais natural que a vida tem esse processo, que esse amiguinho vai crescer e que em certo momento vai deixar de existir”, acentua Tania.
Segundo Karen, a companhia de um animal de estimação também evita o isolamento de pessoas idosas, os tornando mais ativos e sociáveis. Além disso, conforme a veterinária, estudos comprovam que pessoas idosas que têm animais desenvolvem uma imunidade melhor e ficam menos doentes.
De acordo com a psicóloga Tania, isso acontece porque os animais são capazes de devolver aos idosos muitas funções que eles já perderam na vida, pois afinal de conta os filhos já cresceram, saíram de casa e são independentes. “O idoso que tem um animalzinho se sente importante e mais valorizado, ele volta a ter alguém que precisa dele”, explica.
Percepção que ajuda e salva
Além de proporcionar bem estar psicológico, os animais também podem ajudar os seres humanos de formas surpreendentes. Pesquisas comprovaram que cães ajudam a detectar cânceres precoces. Por seu olfato apurado, os cachorros descobrem a doença pelo cheiro alterado das pessoas que apenas eles conseguem sentir. Além disso, o convívio com um cão ou gato diminui a pressão sanguínea, os níveis de colesterol e do estresse e também reduz o risco de problemas cardiovasculares.
Segundo a Abinpet (Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação), cerca de 33 milhões de brasileiros são donos de cães e 17 milhões são donos de gatos. Essa grande quantidade de pets na vida das pessoas talvez seja a busca de algo que se perdeu com a vida corrida e estressante. E apesar do trabalho e da constante atenção que os animais nos exigem, eles retribuem nossa atenção como ninguém e são, sem dúvida, amigos de verdade, companheiros nos momentos de alegria, solidários nas horas difíceis, e sempre dispostos a nos acolher e dividir todos os momentos.
Por Camila Neumann