A internet revolucionou nosso modo de viver, mas também nos tornou dependente dela. Saiba o que acontece ao estar sempre conectado a rede

Nos últimos anos a internet passou pelas nossas vidas como um verdadeiro furacão. Tal inovação mudou a forma como o mundo se comunica, faz compras, viaja, faz amigos e até mesmo como se apaixona. As inúmeras formas de estar conectado a rede (computadores, notebooks, smartphones, tablets, entre outros) nos permite viajar o mundo todo sem sair da cadeira, ou ir ao supermercado sem ao menos colocar os pés fora de casa. Essa comodidade nos deixou dependentes, e estar conectado, hoje, para muitos se tornou uma necessidade profissional, assim como para outros é considerado um modo de vida.

Mas por que nos tornamos tão dependentes da rede? De acordo com o psicólogo Derek Kupski Gomes, a internet se mostra tão atraente para nós seres humanos por diversas características, entre elas o fácil acesso á um número gigantesco de informações, a possibilidade de interação com pessoas de todos os lugares possíveis, através das redes sociais e dos jogos online, e a possibilidade de anonimato e exposição limitada à forma de texto, o que evita o contato presencial.

Será que se um dia tivéssemos que viver sem internet, conseguiríamos? Será que com essa dependência não estamos deixando de lado as outras coisas que a vida tem para nos oferecer? Até quando é “normal” ficarmos tanto tempo conectado?

Conforme o psicólogo, estudos sugerem que pessoas cujo uso da internet excede a margem de 30 a 40 horas por semana poderiam ser classificadas como dependentes de internet, ou seja, usuários viciados na rede. Segundo ele, os malefícios que esse uso excessivo desencadeia podem surgir a curto prazo de tempo, como: dificuldades do sono, problemas de relacionamento interpessoal, comportamentos agressivos, prejuízo da produtividade acadêmica/ profissional e isolamento social, e também a longo prazo como: lesões por esforço repetitivo, dores nas costas, obesidade e outros problemas de saúde.

Porém, se usada de forma equilibrada e controlada, a rede tem uma gama de possibilidades boas a oferecer. Segundo Derek, diversos estudos já evidenciaram que uso de jogos eletrônicos podem favorecer o desenvolvimento de funções cognitivas de aprendizagem, tais como percepção, memória e atenção. Além disso, a enorme variedade de informações contidas na rede podem auxiliar tomadas de decisões e atitudes em relação a si mesmo e aos outros. No entanto, o psicólogo alerta que é necessário que as pessoas aprendam como buscar informações adequadas na internet evitando que informações erradas sejam tomadas como verdades absolutas.

Segundo o psicólogo, as relações sociais e o convívio com outras pessoas podem ser afetados positivo e negativamente pela internet, dependendo do modo como é utilizada. No primeiro caso, a rede facilita o contato entre pessoas tímidas e introvertidas que tem dificuldades em habilidades sociais.  “A internet pode favorecer os primeiros contatos entre indivíduos e tornam mais provável a sua exposição ao contato presencial em um segundo momento”, explica.

Esses mesmos recursos virtuais, contudo, podem levar a um isolamento social, ou seja, de falta de contatos presenciais, e isso pode ocorrer conforme o indivíduo aumenta excessivamente o tempo de uso da internet e consequentemente reduz o tempo que teria para estar conhecendo pessoas novas e convivendo com as que já conhece. “Esse quadro pode piorar ainda mais quando começam a surgir dificuldades na vida acadêmica e/ou profissional da pessoa, ou quando ela têm histórico de transtornos psicológicos relacionados a dificuldade no controle de impulsos, ansiedade e depressão, pois estudos indicam que quem já apresentou estes transtornos tem uma maior probabilidade de se tornar dependente de internet”, afirma Derek.

É fato, a rede mundial de computadores revolucionou a comunicação e colocou o mundo inteiro ao alcance de nossas mãos. No entanto, esse mesmo recurso que nos traz tantos benefícios, também pode nos deixar isolados e solitários, ainda que sejamos seguidos por várias pessoas no twitter e tenhamos muitos amigos no facebook. A vida real, a que exige o contato físico, que necessita de palavras pronunciadas e momentos de lazer, onde fica? É preciso dar maior importância a ela, pois ela é curta e é nela que estão nossa família e amigos de verdade.

 

Por Camila Neumann

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