Silenciosa, a osteoporose deixa os ossos frágeis e sujeitos a fraturas. Saiba o que fazer para evitar esse risco
Os ossos são o Banco Central do corpo humano. Além de promover sustentação do corpo, é a fonte de cálcio necessária para a execução de diversas funções. Do total de cálcio do organismo, cerca de 99% estão depositados nos ossos. Quando o corpo precisa de mais cálcio, as células vão até o osso e retiram o que é preciso. O processo de destruição e reconstrução acontece simultaneamente em diferentes partes do esqueleto. Se em um ponto o osso está sendo reabsorvido, em outro está sendo reconstruído. Por isso, o esqueleto está sempre mudando, sendo renovado e se fortalecendo, mantendo a massa óssea estável.
A osteoporose é o desequilíbrio desse processo, quando a remodelação não consegue acompanhar a velocidade da absorção, deixando o osso frágil. Considerada uma doença silenciosa, já que não causa dores, a osteoporose é um perigo. De acordo com o ortopedista Luis Alan Chagas Alves, a doença dos ossos é caracterizada pela perda da massa óssea e pela alteração da microarquitetura do osso, na qual a densidade e a qualidade do osso são reduzidas, levando a uma fraqueza do esqueleto e ao aumento do risco de fraturas, principalmente da coluna, do colo de fêmur e do punho. Trata-se da doença metabólica óssea mais comum no mundo.
Segundo o ortopedista, a osteoporose em si não mata, mas ocasiona as fraturas que podem levar a morte. “Hoje no Brasil existem 10 milhões de pessoas com osteoporose. Em um ano, aproximadamente 250 mil pessoas fraturam um osso. Dessas 250 mil pessoas pelo menos 20 mil vem a falecer”, salienta.
Apesar de estar também associada à idade e fazer parte do processo de envelhecimento natural do ser humano, a osteoporose não atinge apenas idosos, como costumamos pensar. De acordo com o ortopedista, a doença possui diversos fatores de risco, sendo os principais:
• Menopausa: Mulheres que passaram pela menopausa são bastante vulneráveis a doença, justamente pela baixa hormonal, que deixa o esqueleto desprotegido. “Para cada paciente homem com mais de 50 anos, existem 6 mulheres com essa idade com osteoporose. Essa fase é muito crítica para a mulher, porque além do efeito da idade, tem a questão hormonal, pela qual o homem não está submetido”, explica o médico.
• Falta de doses diárias de sol: a ausência de sol é um fator de risco, pois o sol estimula a produção de vitamina D, a qual não consumimos diretamente do alimento. A vitamina D, vinda dos raios solares, ajuda na absorção do cálcio, o que vai impactar no seu aproveitamento pelos ossos e, claro, torná-los mais fortes. Segundo o ortopedista, as partes do corpo mais importantes para se absorver o sol são as palmas das mãos e o antebraço, e ele aconselha tomar sol antes das 10h da manhã ou após as 17h.
• Sedentarismo: Conforme o ortopedista, a atividade física é o melhor remédio para o osso. Quem pratica uma atividade física pode reduzir o risco da osteoporose, pois exercícios físicos são capazes de aumentar a massa óssea e muscular.
• Má alimentação: O acúmulo de cálcio nos ossos é uma das formas de prevenção da osteoporose. Portanto, uma alimentação saudável significará uma prevenção importante para evitar problemas no futuro. De acordo com Luis Alan, os alimentos mais ricos em cálcio são todos os derivados do leite, como queijos, manteiga, iogurtes, entre outros. Os vegetais ricos em vitamina D também devem fazer parte da alimentação, como brócolis e couve.
Além desses fatores, existem também aqueles que são genéticos como, por exemplo, estrutura corporal magra (indivíduos com peso baixo) e pele branca. Conforme o ortopedista, pessoas mais gordinhas não sofrem tanto com osteoporose, pois o tecido adiposo (gordura) produz os mesmos hormônios que os ovários produzem, os estrogênios, que ajudam no fortalecimento dos ossos. Pessoas de pele branca também tem uma sensibilidade maior à osteoporose do que pessoas de pele negra. Além da má alimentação, o tabagismo é um hábito que também é o um fator de risco, o cigarro é tóxico aos ossos.
O diagnóstico da osteoporose nos pacientes idosos, acima de 65 anos, é mais fácil, segundo o ortopedista, e isso porque eles geralmente apresentam a coluna mais curvada devido a fraturas da vertebra. Pacientes mais jovens, abaixo dessa idade, geralmente são diagnosticados com a densitometria óssea, exame que detecta os níveis de cálcio nos ossos.
O tratamento básico da osteoporose é a suplementação de cálcio com a vitamina D. O médico Luis Alan conta que é a vitamina D quem abre as portas do osso para o cálcio entrar. Além disso, há uma medicação que também tem grande êxito no combate a osteoporose: os bisfosfonatos, que ajudam a evitar a perda de massa óssea, inibindo a destruição dos ossos através da absorção do cálcio.
De acordo com o ortopedista, todos nós em algum momento da vida teremos osteoporose se não nos cuidarmos. “A prevenção da doença dos ossos deve começar na infância, através de estímulos para fazer atividades físicas, alimentar-se bem e tomar doses diárias de sol”.
O resultado de hábitos simples, porém saudáveis, é uma melhor qualidade de vida e a prevenção de diversas doenças, não só a osteoporose. Mudar hábitos e adotar um estilo de vida saudável é um investimento para o futuro. Afinal de contas, uma boa alimentação e atividades físicas diárias podem garantir ossos fortes por toda a vida.
Por Camila Neumann