A tatuagem é uma das formas de modificação do corpo mais conhecida e cultuada do mundo, e tem se tornado cada vez mais comum em todas as faixas etárias, especialmente em jovens e adolescentes. Com o aumento dessa demanda, cresce também o surgimento de locais e profissionais que oferecem este serviço, mas nem sempre de forma adequada e com os cuidados necessários.
Fazer uma tatuagem é uma decisão bastante séria, pois essa forma de arte é definitiva e ficará impressa em nossa pele por toda a vida. Visando esclarecer algumas questões em relação à tatuagem, a Revista Mais Saúde entrevistou o tatuador Frank Cunha e o dermatologista Guilherme Augusto Gadens.
Revista + Saúde – Ao fazer uma tatuagem, existem riscos para a saúde da pele?
Dr. Guilherme – Sim. Primeiramente, a questão mais importante é a escolha do local em que você vai fazer a tatuagem, e a escolha do tatuador. É preciso estar atento às condições de segurança e higiene, porque a tatuagem é um procedimento invasivo da pele, que envolve contato com sangue e outras secreções, existindo até possibilidade de infecção e transmissão de doenças pela tatuagem. Este é um cuidado fundamental. Na questão da saúde da pele, a capacidade de cicatrização é muito diferente de uma pessoa para outra, assim algumas pessoas tem tendência à formarem quelóides, que é aquela cicatriz grossa, em alto relevo. Existem vários casos de quelóides desencadeados por tatuagem, mas isso irá depender de cada organismo. Outro risco é alergia. Algumas pessoas, principalmente as mais alérgicas, podem desenvolver algum tipo de alergia ao pigmento da tatuagem. Há algumas cores em especiais, como o amarelo e o vermelho, por exemplo, que desencadeiam com mais frequência esse tipo de reação. Acontece o que se chama reação de corpo estranho, onde o organismo percebe que existe algo errado e tenta eliminar o pigmento, muitas vezes ocasionando até feridas no local da tatuagem.
Revista + Saúde – É verdade que as pessoas devem tomar certos cuidados com a alimentação antes de fazer uma tatuagem?
Frank – Verdade. Existem cuidados básicos que nós tatuadores pedimos aos clientes. Primeiramente, não fazer ingestão de bebida alcoólica, porque isso irá ocasionar maior sangramento da pele, dificultará o processo da tatuagem, e com certeza futuramente a cicatrização não vai ser boa, a tatuagem não vai ficar com uma qualidade boa e o cliente vai ter que voltar ao estúdio. Segundo, antes de vir fazer a tatuagem pedimos que o cliente se alimente bem, faça uma ótima refeição, não venha ao estúdio em jejum. Quando em jejum, o organismo pode reagir negativamente, a imunidade pode baixar e as consequências podem vir depois.
Revista + Saúde – Existem cuidados especiais que um tatuador tem que ter com o cliente que vai fazer sua primeira tatuagem?
Frank – Sim, existem, e isso é muito importante. A conversa do tatuador com o cliente que vai fazer sua primeira tatuagem é fundamental. Tem que existir esse vínculo entre cliente e tatuador. É muito interessante quando o cliente pode vir no estúdio algumas vezes antes de fazer a tatuagem para tirar suas dúvidas, perguntar sobre material que o tatuador utiliza e conhecê-lo de perto. O cliente também deve pedir para ver o portfólio do profissional para conhecer o seu trabalho e ver o que ele já fez. Outra coisa é a questão de ver os materiais utilizados pelo tatuador, se as agulhas e biqueiras são descartáveis, se as tintas são de qualidade e estão dentro do prazo de validade.
Revista + Saúde – Quais os tipos de arte mais comuns que as pessoas preferem ao fazer uma tatuagem?
Frank – Difícil dizer quais sejam mais comuns, porque as preferências são bem abrangentes. É aquela história de “gosto é gosto”. As pessoas acabam procurando muitas coisas. Mas o que eu tenho visto ultimamente é uma preferência por aquilo que está na moda. Isso é complicado. Eu costumo aconselhar os clientes de que isso não é bom, porque a moda passa e a tatuagem é algo definitivo. É preciso tomar muito cuidado com isso, então, eu sempre tento conversar com o cliente e fazer com que ele modifique alguma coisa na tatuagem que a deixe mais pessoal, que caracterize sua personalidade. Se ele não escutar tais conselhos, provavelmente será um forte candidato a cobrir ou remover a tatuagem no futuro.
Por Camila Neumann
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