O ronco, assim como a apneia do sono, precisa ser tratado

O ronco é um barulho que perturba o companheiro, ou quem está dormindo no quarto ao lado, dependendo da intensidade. É motivo muitas vezes de briga entre o casal, e mesmo assim não é tratado com a seriedade que deveria. O ronco pode ser sinal de uma doença mais grave, como a apneia do sono, e ocasionar problemas de formação da mandíbula.

Segundo o otorrinolaringologista Mauricio Kulka, apneia é uma parada respiratória, que pode ocorrer durante o sono ou também por outros motivos, por exemplo, ao mergulhar em uma piscina vai ter uma apneia, ou seja, vai parar de respirar por um tempo curto. Já o ronco é a obstrução parcial das vias aéreas superiores durante o sono. Essa obstrução dificulta a passagem do ar e provoca o som. E em casos extremos pode levar a uma apneia.

O ronco é apenas uma entidade que causa apneia, mas existem várias outras. Assim como, nem todo ronco pode ocasionar a apneia. “Tem pessoas que roncam, mas apenas fazem o barulho, a vibração, e não chegam a ter apneia, isto é, não chegam a parar de respirar”, diz o otorrinolaringologista.

A saúde de quem ronca ou sofre de apneia do sono reclama, e a do seu companheiro (a) também. Um sono revigorante é fundamental para o desempenho de um bom dia de trabalho ou de estudo. O sono fragmentado, conforme o médico, provocado pela apneia do sono, causa sono excessivo durante o dia, pois a pessoa não teve um sono completo e eficiente para o descanso. “Além disso, cada vez que ocorre a apneia é causado um estresse ao coração e ao pulmão, que detecta a falta de oxigênio e, como mecanismo de controle, pulsa mais forte na tentativa de puxar o ar. Essa sobrecarga pode desencadear um quadro de hipertensão pulmonar ou cardíaca”, informa.

Para tratar a doença, existem vários métodos. E o que muitos não sabem é que o cirurgião-dentista pode recomendar o uso de aparelhos intraorais. Segundo a cirurgiã-dentista Telma Abreu, especialista em ortodontia e ortopedia facial, existem aparelhos de avanço mandibular e aparelhos de retenção lingual. “Os de avanço mandibular são mais aceitos pelos pacientes pela facilidade de adaptação em relação aos de retenção lingual. São indicados em casos de ronco primário e apneias leves”, explica.

Os aparelhos intraorais para ronco e apneia obstrutiva do sono fazem um reposicionamento da mandíbula e da língua para frente, fazendo com que a entrada de ar pelas vias aéreas superiores para a respiração fique liberada. O uso do aparelho, de acordo com a ortodontista, é indicado durante o sono por ser este momento que os tecidos moles da boca (músculos da língua, assoalho da boca e palato mole) ficam em repouso e podem provocar a obstrução da entrada do ar.

A adaptação do aparelho varia de paciente para paciente devido as diferenças anatômicas, posturais e emocionais dos indivíduos. “Caso o paciente apresente sinais de dor articular ou muscular anteriores, pode haver uma dificuldade maior para a adaptação ao aparelho. Por isso o ideal é que se faça uma avaliação médica e odontológica para se chegar a um diagnóstico para aquele paciente e após verificar qual o tratamento deverá ser realizado”, aconselha Telma.

O otorrinolaringologista cita que há casos em que a obesidade se torna um problema e o tratamento é emagrecer, o que já ajuda muito na respiração enquanto dorme e evitará ou diminuirá a apneia do sono e ronco.

Outros tratamentos que podem ser indicados são as cirurgias de amídalas ou mandíbula, ou o uso de aparelho tipo CPAP para casos de apneia moderada e graves. “O aparelho CPAP produz ar com pressão durante o sono, evitando a obstrução das vias aéreas”, diz Mauricio. Já os aparelhos intraorais, segundo Telma, geralmente são indicados para casos de apneias leves.

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