Dor no dente de forma latejante e espontânea, sensação de “dente crescido”, dor ao mastigar ou sensação de que o dente “pesa” ao baixar a cabeça podem ser sintomas característicos de problemas de canal.
O tratamento endodôntico, conhecido também como tratamento de canal, segundo o cirurgião-dentista, Dr. Erasmo Paganini, consiste na remoção do tecido mole que se encontra na parte mais interna do dente (câmara e canal) e que recebe o nome de polpa. “Esta pode estar sadia ou infectada e ao ser removida é substituída por um material obturador”, afirma o cirurgião-dentista.
A polpa dental, conforme Paganini, pode estar viva e inflamada, onde o uso de analgésicos comuns não alivia a dor, ou morta, sendo capaz de causar dor também. “Quando a polpa é viva e sem infecção uma sessão para o tratamento é suficiente, polpa viva e inflamada são necessárias 2 sessões e no caso de polpa mortificada mais sessões”, explica o cirurgião-dentista.
Você deve estar pensando – então, se estou sentido dor no dente significa que vou ter que tratar o canal? “Não necessariamente. Os dentes podem ter resposta dolorosa a qualquer estímulo fora do normal – frio intenso, calor intenso, doce e salgado. Esses sintomas são observados em dentes cariados, em dentes com retração gengival e em dentes submetidos à carga intensa (durante a mastigação). Para esses casos, removendo-se a causa cessa a sensibilidade”, responde Paganini.
Tratamento de canal X Dor
Com o uso de anestesia o tratamento é indolor. “Nos casos de polpa mortificada, às vezes, nem é preciso anestesiar, o desconforto pode ser ocasionado pela necessidade de permanecer muito tempo com a boca aberta”, diz Paganini.
Após o término do tratamento, a dor costuma desaparecer. “Nas primeiras48 a72 horas pode acontecer de ficar com uma sensação dolorosa decorrente da aplicação do anestésico e da manipulação do dente, que pode ser resolvida pela ingestão de analgésicos, tipo paracetamol”, esclarece o cirurgião-dentista.
Segundo o profissional, o tratamento de canal é eficiente desde que bem executado e que os outros procedimentos que reconstituirão o dente, como restauração, coroas, incrustações, tratamento gengival, entre outros, também sejam realizados. “Um dente tratado pode precisar novamente de tratamento endodôntico, quando no primeiro tratamento não for possível seguir os padrões exigidos, como limpeza (remoção de todos os microorganismos), preenchimento hermético do canal com material obturador, incorreções que podem provocar lesões na ponta da raiz (periápice) do tipo abcessos e lesões crônicas”, diz.
O dente com tratamento de canal realizado fica com aspecto mais escuro do que os outros, mas o cirurgião-dentista explica que o que acontece é a perda do brilho, provocando um aspecto mais amarelado. O escurecimento acentuado só ocorre quando o dente sofre uma hemorragia ou mortificação da polpa antes do procedimento ou por erro técnico.
Quando o tratamento de canal não for efetuado as consequências para a saúde podem ser sérias. “Poderá se desenvolver uma lesão na região apical (infecção na ponta da raiz e nos tecidos vizinhos), podendo ocasionar dor intensa, inchaço, febre e bacteremia (bactérias na corrente sanguínea). A única solução a partir daí poderá ser a extração do dente”, ressalta o cirurgião-dentista.