Não é fácil definir esse problema que aflige cerca de um terço da humanidade. Isso porque, na realidade, a insônia não é uma doença, mas um sintoma de vários males. Para piorar, tem várias facetas. O caso clássico, aquele em que o indivíduo deita e não consegue pregar o olho, é apenas um tipo. Mas as pessoas que têm o sono picado ou acordam cedo demais também são consideradas insones. Outra pista para detectar as noites mal dormidas é despertar ainda cansado.

Há três formas de insônia. A mais comum é transitória e dura no máximo uma semana. O tipo intermediário pode durar até três semanas. Mas ela torna-se crônica se ultrapassar esse período. Aí é hora de procurar ajuda. É fundamental investigar as causas do problema e tratá-lo, pois uma boa noite de sono tem funções vitais para a saúde.

As noites mal dormidas são apenas a ponta de um iceberg. Por trás delas podem estar fatores emocionais como depressão ou ansiedade, conflitos familiares ou no trabalho, álcool, doenças que causam dor ou desconforto, como a fibromialgia, problemas hormonais, Parkinson, Mal de Alzheimer, mudanças de fuso horário, hábitos inadequados, predisposição genética e até mesmo outros distúrbios do sono.

Os distúrbios mais comuns podem ser detectados num exame chamado polissonografia (exame que esquadrinha a pessoa enquanto dorme). Durante a noite inteira, 22 sensores espalhados pelo corpo do paciente enviam informações sobre estágios do sono, movimentos do corpo, oxigenação do sangue, frequência cardíaca, fala, entre outros. Esses dados podem flagrar 87 distúrbios do sono. Confira alguns distúrbios mais comuns:

– Apnéia: são paradas na respiração durante o sono. A pessoa tem muitos despertares, mas às vezes nem lembra deles. Acorda cansada e vive sonolenta. É mais comum em homens obesos e roncadores.

– Narcolepsia: a vítima pode ter surtos de sono e simplesmente adormece no meio de alguma tarefa. O tratamento é feito com remédios e mudanças de hábitos, como cochilar em alguns momentos durante o dia.

-Síndrome das Pernas Inquietas: o indivíduo sente uma necessidade incontrolável de mexer as pernas durante o sono. Tem gente que chega a fazer mais de 50 movimentos por hora e, por isso, acaba acordando várias vezes. Remédios e atividade física costumam resolver esse distúrbio.

– Bruxismo: o ranger dos dentes à noite ainda não tem causa bem definida. Atualmente, a melhor forma de controlar o problema é com um aparelho de resina que protege os dentes.

– Sonambulismo: mais frequente em crianças. É aquele quadro típico em que a pessoa anda e fala enquanto dorme. Normalmente desaparece com o crescimento.

 

No caso de problemas com o sono de bebês, a maioria dos casos é apenas questão de maus hábitos. Algumas medidas podem ser tomadas para ensiná-los a adormecer sozinhos, como, por exemplo, oferecer algum brinquedinho que o acompanhe durante a noite, passar alguns momentos ao lado do berço ou da cama fazendo coisas agradáveis, como ler historinhas ou desenhar, estabelecer horários fixos para ir para cama, não fazer o bebê dormir embalando-o no colo ou ninando-o. Ele deve aprender a dormir sozinho, associando o sono a um momento gostoso.

As crianças precisam dormir muito para garantir o desenvolvimento do cérebro. As noites em claro comprometem o crescimento, o aprendizado e o bem-estar delas.

Insonia

Veja o que acontece quando você dorme menos do que precisa:

– Cabeça: sonolento, o cérebro diminui a atividade. Isso compromete funções como criatividade, atenção, equilíbrio e memória. Além do humor, claro.

– Ossos e músculos: cerca de 70% do hormônio do crescimento é secretado durante o sono. Nas crianças ele garante o ganho de peso e de altura. Nos adultos, responde pela renovação celular dos músculos e do esqueleto.

– Pâncreas: a produção de insulina despenca, atingindo níveis parecidos aos dos diabéticos.

– Coração e sistema digestivo: a falta de sono gera um efeito de estresse. O corpo produz, então, mais cortisol e adrenalina, os hormônios da tensão. Isso abre caminho para complicações cardíacas e digestivas. Essas substâncias também nocauteiam o sistema imunológico.

– Câncer: uma noite bem dormida ajuda a eliminar os radicais livres, moléculas que estão por trás de vários tumores e do envelhecimento precoce.

 

Para prevenir problemas com o sono, os médicos recomendam:

– Manter um horário regular para adormecer e acordar, todos os dias.

– Ir para a cama somente na hora de dormir. Nada de ler, falar ao telefone ou comer entre os lençóis.

– Cuidar para que o ambiente seja agradável: deixe o quarto escuro e silencioso. Se possível, regule a temperatura.

– Escolher um colchão adequado, nem rígido nem macio demais. Lembre-se que em nenhum outro momento do dia você fica tantas horas na mesma posição.

– Evitar o café e outros estimulantes como o chá preto, o mate e alguns refrigerantes, além do cigarro.

– Nada de ficar planejando as tarefas do dia seguinte nem resolvendo problemas na hora de dormir.

– Não fazer exercícios à noite, pois eles acendem o organismo.

– Não comer muito no jantar, nem comer perto da hora de deitar. A digestão praticamente para enquanto dormimos.

– Fazer atividades relaxantes após a refeição.

– Não assistir TV no quarto. Ela é uma fonte enorme de estímulos capazes de deixar a pessoa mais alerta.

Para voltar a dormir bem, além de afastar as causas da insônia, é preciso mudar certos hábitos. Nos casos crônicos, o médico também pode indicar terapias para ensinar a relaxar e, às vezes, remédios. Mas atenção: nada de sair por aí engolindo pílulas por conta própria. Os remédios devem ser usados com muitíssima cautela porque provocam dependência e tolerância. Em pouco tempo o corpo acaba pedindo doses cada vez maiores para produzir o mesmo efeito. E não se esqueça: eles não tratam a causa do problema.

 Por: Naiara Persegona

Adaptado de: http://saude.abril.com.br/especiais/insonia/insonia.shtml

 

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